17.6.07

devaneios em Ipanema


E se de repente engolissem a cidade
(quem sabe o mar?
quem sabe a dor sufocada dos corações?)
os dias do porvir certamente
viriam mais limpos
como teu gosto em minha língua...
e seria possível até ouvir os pássaros.
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Meu tempo é outro:
aqui o sol já se pôs
atrás do prédio.
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Parece que era de um vaso na mesa
e de uma galinha no quintal
que falava Ferreira
enquanto não te via passar.
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Sob junho
e o fino verniz do dia ensolarado
inverna
não nas areias de domingo
nem nos pombos que caminham pela Vieira Souto
mas no veio do humano coração.
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A esta hora no centro da cidade uma rua
experimenta o silêncio
mais que sepulcral de seu descanso
e os pombos
insistem em bicar o que restou da semana
na calçada.
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A chaga da tarde inflama o céu,
mas, um dia, será noite
e a cidade dormirá sem dor

enquanto isso: curativo de nuvens
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mar de ressaca
o surfista sabe:

a noite foi boa!

2 comentários:

Benny Franklin disse...

Harley, a cada poema cuspido, viciferado - não verborrágicos, como os meus como assim o dizes -, Sinto o amadurecimento de tua belíssima poética. O que vejo aqui (frente a este poema urbano) e no Overmundo (feliz idéia em te atrair até lá...) reforça o que vos digo. Parabéns cara...
Tu és o exemplo vivo de que no Pará se faz Poesia de fina estampa.
Abçs, meu!
Benny Franklin

Estava Perdida no Mar disse...

Epa, alguém aqui é do RJ???
Êh coisa boa.
Beijos