23.8.07


INTERLÚDIO

A hora incerta que antecede a Aurora, não a vejo.

Mas talvez haja uma palavra para explicá-la; uma palavra bonita e cheia de serpentes, uma palavra que me arrombe a janela e derrube o prédio em frente.

Ou não. Talvez não haja Aurora, sequer Tempo, de modo que a tal hora incerta, seja, por assim dizer, o prólogo de um grande truque; “O” grande truque...

O grande despropósito raiando ante os homens doentes da cegueira de só ver o que se quer.
E por isso mesmo, talvez se queira, exatamente, fechar os olhos.

A temperatura que se eleva sutilmente fazendo o suor brotar do rosto em contato com a fronha não é amanhecer;

Ouvi um galo cantar. Mas não sei onde: (logo) não é dia aqui;
em Pequim? Em Marudá? Há dois quarteirões? Na próxima esquina?

O cheiro do café e pão quente não faz a vida despertar.

Talvez o mundo não levante mais.Mas... e quanto a mim?



(HFD)

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