27.11.08

poesia de memória ou "poemas reminiscentes"


Flamengo, 4:51.
o lugar é desaperceber o lugar
e toda a geografia de aterro e urca
e baías babilônicas como vulvas avulsas sobre as pedras pedras
e as esquinas que seguem rumo à Copa.

não há nada a dizer da rigidez e dos pêlos-árvores a cobrirem as virilhas
do poema-atlântico:
Botafogo!

*

Acaso importa o onde do poeta,
se explodem, sem memória, despertadores nucleares
no quarto ao lado?
Importa os pés do poeta-ficção, sua cama desfeita, viola calada, o deserto na palma da mão?

*

O passo é sempre gerúndio
ando indo (o último verso também se vai)
num sem-se-acabar sem fim

*

Há um sem-número de anos-luz
uma mulher dorme tranqüila como um sol
uma mulher dorme lenta e lânguida como que se pondo
e nesse sono de veludo leve e tranqüilo
há um poeta que estraga tudo...

*

É possível que nada,
sequer a releitura, via dos vapores que sonhas,
repita o branco do Rio branco que se há de esquecer.

Rios passam.
Suas cores é que, por vezes, restam, poéticas, na fotografia de lembrares...
e nelas, a casa flutuante dentro da qual o poeta se escancha numa rede.
(HFD)

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