27.5.10

a casa

a casa agora
em silencioso devir

e antes
quando éramos em presença e diálogo con-
versar que era como o bom combate
                                               começo involuntário
                                               de travessia para permanência

era como sempre. algo apenas como algo.
não algo. que havia. até Quando...

Mas se deu que
o verso se encheu da paixão que nos é
e o poema transbordou-se
– sem que o percebêssemos –
                                   noutro: a competição
: a infeliz tinta da certeza borrou tua e minha língua
para não se dizer mais transparências
para nunca mais o beijo. a passagem.

                                   e foi que tu te ofendeste quando
                                   em mim
                                   não te acompanhava esta metamorfose
                                   que fecha as portas atrás de si

e foi que no que estávamos pilhou-se muita palavra.
– entraves entre aves –

e foi que se partiu. eu e eu esquecido de escutar.
e foi que se finou em nós o sagrado vôo. o que não morre

e tudo não nos coube mais. qualquer silêncio.
a casa que me habita. ninho com asas...

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